Quirim é um demônio de aparências modestas,pouco teatral,mas decididamente franco; pelo menos se tomamos como referência os diferentes grimórios e livros proibidos da Idade Média que se consertaram em sua história.
Diz-se que Quirim geralmente toma a forma de uma pequena pedra, ou mesmo de uma folha ou de um grão de poeira, para pousar na testa dos que dormem e fazê-los manifestar os fios que abrem seus segredos mais íntimos.
Misturando o sonho com a vigília, Quirim propõe uma tarefa colossal:aquele homem aceita a unidade de seu destino;que ele entende que a vida e a morte,a sucessão do tempo,a realidade e os desejos,os eventos que ocorreram e os imaginados,não são senão segmentos ilusórios do Todo onde ele habita e para o qual ele é habitado.
Os rígidos censores da Inquisição mencionaram Quirim com veemência em mais de um julgamento. No entanto,como não poderia ser de outra forma,em defesa da verdade unilateral que eles impuseram aos seus devotos (ou vítimas) os inquisidores omitem a pronúncia de seu nome para evitar que ele seja invocado.
Nesses casos,o astuto Quirim era chamado: "a pedra dos traidores".